quinta-feira, 16 de abril de 2015

A arte de apreciar

Acabei de voltar da exposição "Picasso e a Modernidade Espanhola" no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) com a galera da FAPSP.

Olhos atentos tentando entender, comentários que buscavam desvendar as verdades por trás de tantas imagens diferentes. Por muitas vezes, enquanto olhava os quadros, me questionava o porquê de tanta valorização de algo aparentemente sem sentido, nem forma nenhuma.

Enquanto ouvia observadores estudantes de arte comentando sobre as profundas nuances e propostas das imagens, eu me questionava sobre quem, na terra, decidiu que essas imagens e esses artistas deveriam ser considerados tão excepcionais.

Sai de lá pensando se esses homens e mulheres (apesar de ter visto apenas um quadro de autoria feminina) tinham alguma ideia de que seus quadros, sua arte, fariam história e seriam admirados por pessoas em um ou até dois séculos depois.

Aí me lembrei de como me sinto quando escrevo, quando pinto, desenho, quando crio.
Não faço para os outros. Faço pela satisfação de fazer, pelo prazer de produzir, pela simples sensação de relaxar.

Faço por fazer e não costumo gostar do que faço.
Não espero admiração nem elogios.
Apenas faço.
Faço e falo como reflexo da minha mente, das minhas guerras interiores.
Faço porque espero que o que sai como resultado tire de mim a raiva e a dor, alivie as preocupações, transborde o amor e a paz.
Faço porque é como transformar em corpo, o sentimento.

Entendi que paredes de exposção não são prateleiras de supermercado.
Não foram feitas para se consumir e avaliar com opiniões do tipo "gostei, vou levar" ou "que porcaria, eu faço melhor".
São reflexos, marcas de pessoas que um dia passaram por aqui.
São como sensações "objetificadas", a encarnação só que de objetos.

A arte não precisa funcionar. Não precisa ser consumida.
Ela precisa apenas ser.
Ser expressão.
Querer dizer, ou não.
Querer mostrar, ou não.
Se auto explicar, ou nunca.

Percebi que não só meus olhos são consumistas, mas minha mente também o é.
Consome tudo o que vê, assume-me como um controle de qualidade do que vale a pena, ou não, ter.
Como se tudo fosse pra se pertencer à alguém.

Consumir é o oposto de apreciar.
Agora, quero apreciar.
Apreciar o que é meu, o que é seu, o que é de todos.
Simplesmente apreciar.


Sarah Furtado

segunda-feira, 10 de março de 2014

Amor - Amor.

Definição: 1. Sentimento que induz a aproximara proteger ou a conservar a pessoa pela qual se sente afeição ou atracçãogrande afeição ou afinidade forte por outra pessoa

Aparência: 
Tenho sido diariamente desafiada a entender, em seu sentido mais profundo o significado do amor.
Estamos acostumado a associar o amor á tudo o que é bom, romantico, vermelho, cheio de corações, de casais, de beijos, de romance.
A tudo o que nos faz bem, que é agradável, ao que é passageiro, ou não.

Como cristã digo, por experiência, que temos a tendência de orar pedindo que Deus nos ensine a amar.
Que Deus coloque em nós "o amor pelo próximo". Que aprendamos a sentir "amor pelos perdidos".
Isso porque na maioria das vezes, achamos que amamos quando sentimos um "gostosinho" no coração em pról do outro, que nos dá vontade de agradar, de servir, de fazer algo bom.
E então, estamos sempre nos esforçando para amar com um amor que não existe.
Porque tudo isso... não é amor!

Em primeiro lugar, acredito que se amor fosse algo que se sente, e fosse fácil de sentir, não seria um mandamento de Deus. Seria natural, seria fácil, seria simples. Mas não, é um mandamento, porque Deus bem sabia como seria difícil pra nós aprender a amar.

Em segundo lugar, porque em muito momentos, amar não é gostoso, não é alegre, não é romantico.
Não é gostoso amar seus inimigos como Jesus disse, é dificil, é sofrido. É sofrer injustiças em muitas vezes, e calar. É não ser valorizado e reconhecido, e permanecer calado.
Não é alegre amar em momentos de fraqueza, quando queremos ficar sozinhos, quando os defeitos alheios falam mais alto.
Não é romantico amar, amar é maturidade, paixão, romance, é para aqueles que não querem se aprofundar em conhecer o outro.

O conhecimento testa o amor.
O conhecimento prova o amor.
Mas só a decisão mantem o amor.

O amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
Qual dessas coisas é fácil de se fazer? 
O amor não julga mal, não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade.
O amor não é invejoso, não trata mal, não é indecente, e não busca seus próprios interesses.
O amor não se irrita e não se ensoberbece.
Me diga novamente, qual dessas coisas é facil de se fazer?

Me diga porque ainda acreditamos em um amor fraco, superficial?
Que não resiste as primeiras crises, brigas, ou momentos dificeis?
Me diga porque ainda ensinamos pessoas a amarem com um amor de sentimentos?

Decida, a decisão mantem as circunstancias em segundo plano!
Ame, porque decidiu amar, não porque "sentiu" de amar.
Ame, porque é um mandamento, e porque é dificil mesmo!
Ame, porque Ele te amou primeiro!
Ame, porque amar te torna semelhante a Jesus!

Pra mim, essa é a aparência do amor:

Ame, porque alguém decidiu te amar!!!


segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Bastardos e Imorais.

Em dias de eventos mundiais nossos olhos costumam voltar-se mais a nação a qual pertencemos.
Seja para oferecer apoio, depositar expectativas, bater no peito de orgulho ou descer o porrete em críticas.
Mas os olhares estão lá.

Fui uma das pessoas que nesses dias de Olimpíadas, criticaram o Brasil veementemente, com ironia e sarcasmo.
O insucesso dos atletas brasileiros desperta indignação no povo. Povo que trata as vitórias como 'obrigação' e as perdas como 'fracasso e desserviço à Nação'.

Dias atrás fui golpeada por um texto compartilhado por um primo meu. Esse texto falava da indignação do autor (Rafael Farnezi) em ver a cobrança feita pelos brasileiros em cima dos atletas.
Esquecem que durante os quatro anos que separam uma olimpíada de outra, eles são totalmente esquecidos e lutam com todas as suas forças, força essa que deveria ser direcionada apenas para melhorar seu rendimento, para conseguir por exemplo uma inscrição de uma determinada competição, bancar uma passagem aérea para competir, ter uma boa suplementação, ter um equipamento básico, e muitas reticências........ pois os exemplos do que o atleta brasileiro passa para tentar figurar entre os melhores do mundo são inacreditáveis. Infelizmente tenho que concordar que o Brasil é o país do futebol, isso é mais do que claro, e esse sim é o único esporte que o Brasil tem a obrigação de no mínimo conquistar o 1º lugar, não considero nada menor do que isso aceitável, pois é nele que todo o dinheiro do nosso país é destinado, é nele que estão as grandes "estrelas" multi milionárias que rasgam dinheiro para chutar uma bola. Já que todas as outras modalidades vivem sob sua sombra, o mínimo que se espera é uma medalha de ouro.
E pois é, ele tem total razão. Exigimos de mais daqueles que gastam toda a sua energia, lutando pra serem bons atletas, representando um país que visivelmente não demonstra interesse em investir neles.
A crítica do autor se volta para o excesso de investimento em futebol e a falta de investimento em outros esportes. Ok! Mas meu ponto não é esse.

Eu me pergunto (com o perdão das expressões): que país é esse que, com sua bunda enfiada em um sofá, critica atletas que lutam e representam muito bem seu país e, com a bunda permanecendo enfiada em um sofá, se cala diante de tanta corrupção, desigualdade, violência e negligência.

Somos um povo virtualmente cheio de argumentos, mas inerte.
Postar, curtir e compartilhar textos, frases e fotos não nos tornam heróis e nem se quer manifestantes.
(Os "Caras-Pintadas" que o digam!)


Não tem mais o que dizer, o governo de um país é reflexo do povo.
A "democracia" torna o povo inescusável diante da corrupção.
Digo "democracia" porque não acredito que seja plenamente democracia levando em conta a grande parcela que temos de mentes manipuladas e compradas por terem suas "necessidades supridas".

Além do que, votar em gente famosa (tipo tiririca) como protesto é muita falta de inteligência.

Somos um povo superficial, que ama tudo o que vem de fora e pisa no valor da própria Nação.
Não sabemos o Hino, temos preconceito com os indígenas, não conhecemos nossa história.
Desvalorizamos nossa própria cultura, votamos em famosos imbecis que se tornam candidatos, destruímos a beleza natural que tinhamos.
Nós, mulheres brasileiras, somos conhecidas internacionalmente por termos "muita bunda e pouco cérebro".
Até nas redes sociais somos conhecidos como "sem moderação".

Corrupção na política, hospitais abandonados, comunidades carentes em constante guerra entre tráfico x polícia, moradores de rua tornando-se parte da "paisagem".
Professores ameaçados por adolescentes mimados que não recebem educação nenhuma em casa.
Pais negligentes que querem dar a melhor vida para seus filhos e sem saber criam jovens entupidos de arrogância e estupidez.
E assim continuamos dando um belo de um "Dane-se" para aqueles que precisam de voz.
E continuamos calados, diante daqueles que deveriam ser parados.

Hoje fiquei chocada com uma piadinha que li no Facebook.
Uma foto que tinha uma criança sem os braços e controlava o video-game com os pés e tinha a seguinte frase: "comprei o video game, agora só falta comprar os braços".
Assim que manifestei minha indignação tive que ler respostas do tipo: "humor negro é que nem braço, uns tem outros não".

Gostaria de parabenizar pessoalmente os pais desses adolescentes, pelo excelente trabalho que tem realizado em formar mais imbecis para esse país.
Gente que não respeita quem tem deficiência não vai respeitar quem é 'igual' (naquelas né? porque pra ser igual a essa gente tem que estar mais pra animal mesmo).

Como cristã olho pra tudo isso e peço domínio próprio.
Peço sabedoria pra falar, peço ajuda pra agir.

Como brasileira penso que todos temos duas opções: odiar o país pelos problemas que tem e idolatrar outras nações porque são melhores, ou enfim levantar a bunda da cadeira e fazer alguma mudança acontecer.

Somos bastardos quando nos degeneramos daquilo a que pertencemos. É nossa Casa, nossa Nação! Chega de bater no peito por ser brasileiro só quando vale medalha ou alguma taça.

Somos imorais quando não temos valores ou não lutamos pelo que temos. Quando queremos ser famosos por idiotices ou quando vemos o baixo nível representando todo o resto e nos calamos (ou batemos palmas).

Eu acredito numa geração de jovens que pode mudar mentes, corações e atitudes.

"Mas, se ergues da justiça a clava forte,
Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.
Terra adorada
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada! 
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!"


Por uma nação justa, com jovens íntegros e um povo digno de ser chamado de brasileiro.




Sarah Furtado Provenzano, brasileira por nacionalidade e escolha de coração.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

WAR

De uma vez por todas, cansei dessa disputa hipócrita de discursos.
De um lado aqueles que criticam os "evangélicos" e se denominam 'seguidores de Jesus sem religião, nem instituição'. Esses caras criticam o sistema e batem nas pessoas, esquecendo-se que nossa luta é contra ideais e não pessoas. Difícil desvincular? Então é hora de rever o 'cristo' que se prega. Ele fazia isso. Criticam os 'igrejistas', que não saem de quatro paredes para amar o próximo, mas no fundo, esse discurso mascarado de amor só revela a falta dele, justamente para com os que deveriam ser 'irmãos'. Querem pregar a paz, usando de agressão. Juro que não entendo.

Do outro lado, aqueles que acham que tudo é provisão de Deus e porta para o Evangelho ser pregado. Sem enxergar que atitudes valem mais que palavras. Queridos, o evangelho deve ser, antes de pregado, vivido. E se suas ações não são uma pregação, também não o serão suas palavras. Além do mais, "Evangélico" é sinônimo de "Mercado" hoje em dia. E se você não concorda basta ler algumas revistas e sites e você verá que o interesse não é o nome de Deus, e sim no dinheiro.

Até quando os cristãos serão ignorantes ao ponto de cair em todo tipo de discussão e perder sua energia, disposição e força nisso?
Enquanto o mundo clama por amor, nós nos odiamos dentro do local onde deveria ser a saída de emergência para o ferido.
Criticamos os grandes nomes do 'Gospel' por usar e abusar de suas ovelhas. E que tipos de discípulos temos formado?
Quantas crianças e adolescentes temos hoje com total conhecimento sobre quem é Jesus e o amam intensa e verdadeiramente? Novos demais pra entender? Acho que não!
Quantos jovens vemos hoje dispostos a abrir mão de tudo pela causa do evangelho? Ocupados demais com sua vida profissional pra pensar nisso? Talvez!

As coisas mudaram? É! Mudaram. E mudaram até demais.

Nosso intelectualismo prova que somos ignorantes.
Nosso dinheiro prova que somos pobres, ao ponto de não termos nada além de dinheiro.
Nosso poder mostra que somos desprovidos da capacidade de servir sem interesse em reconhecimento.
Nossa humanidade mostra que somos pó.
Tanto uns, como os outros.

Se pudéssemos reconhecer nossa fragilidade passaríamos mais tempo amando e cuidando, ao invés de criticar e tentar sempre ter a razão.

"Alguem já advertiu que não podemos estar tão envolvidos com o céu a ponto de sermos totalmente inúteis na terra. Se há um problema que esta geração não enfrenta é esse. A verdade nua e crua é que estamos tão envolvidos com a terra que não temos nenhuma utilidade para o reino dos céus." Leonard Ravenhill

Quanto tempo ainda falta para a igreja brasileira se calar, e voltar a chorar?
Quanto tempo ainda falta para que os cristãos recolham seus dedos apontados, e caiam de joelhos arrependidos?

Estamos perdendo tempo não resgatando os perdidos.
Estamos perdendo tempo nos perdendo!


Por Sarah Furtado Provenzano.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Eles estão entre nós.

Dois homens sentados na linha do tempo.
Suas marcas de expressão contavam suas histórias.
Paixão, amor, guerras e frustrações. Os acasos e revoltas que a vida pode dar.

Uma garota presa em si mesma.
Escrava de seus medos e dores.
No que depender dela, jamais se aproximará de alguém novamente. Suas feridas incuráveis não a permitem ser tocada.

Ora uma criança, indefesa e precisando de carinho.
Ora um homem, duro, impenetrável, com seu olhar vazio.
Tentava, mas não conseguia pedir ajuda para vencer seus vícios.

Buscando uma saída
Sedentos por amor
Chorando por liberdade
Vazios de Deus

É só olhar ao seu redor, eles estão entre nós.
É só olhar ao seu redor, eles precisam de nós.

Pare de perguntar porque Deus não faz nada pelo que sofre, pelo pobre e necessitado, pelo aflito, pelo sem-teto.
Ele já fez. Fez você.

@saa_furtado

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Frustrada.

Não chega a ser decepção porque não houve ação.
E talvez justamente por isso, isso despertou.

Esse final de semana, fui numa conferencia insana.
Vários caras muito loucos pregando e tocando e falando de um Deus grande e misterioso.
Com uma paixão, com um amor, com uma sinceridade e um conhecimento absurdo.

Me frustrei, por ver o quão pouco eu conheço esse Deus.

Músicas com letras profundas, palavras com conteúdo constrangedor (no sentindo de amor e ação!) e as pessoas sendo despertadas e movidas por compaixão, pela graça e pelo amor.

Me frustrei, por ver o quão banal esse discurso se tornou pra mim.

Pregações que nos lançavam, nos diziam que precisamos sair das 4 paredes e invadir esse mundo louco pelos valores invertidos, que nos diziam quem somos em Deus, e que enquanto Ele for o centro da nossa vida, enquanto ele FOR a nossa vida nós teremos horizontes maiores, sonhos mais altos e faremos a mudança desse lugar.

Me frustrei, por ver o quão longe eu estou de encarnar essa realidade.

Voltei frustrada, achando que Deus iria falar comigo, sobre minhas duvidas, meus medos, meu futuro, minhas preocupações. Ele falou! Mas falou Dele, de Suas certezas, Suas convicções, Seu futuro pra mim, Sua Grandeza, Sua Majestade, Seu poder, Sua graça, Seu amor.

Me frustrei, por ver o quanto minhas ansiedades e preocupações me cegam diante de um Deus majestoso.
Me frustrei, por ver o quanto meus valores estão invertidos.
Me frustrei, por ver o quanto ainda sou insegura com relação a quem eu sou.
Me frustrei, por ter virado deus de mim mesma.

Me frustrei, por ver que Deus já não era suficiente.
Me frustrei, por ver que ainda que dentro da casa de Deus eu posso estar com o coração longe Dele.
Me frustrei comigo mesma! Conheci minha humanidade, meu vazio, minha dependência, meu medo, minha fraqueza, minha limitação.

Conheci minha ignorância.
Podem falar o que for, mas depois de sentir isso, eu prefiro morrer do que viver sem Deus.
Não existe saída, não existe alternativa.

A Grandeza de Deus me constrangeu de forma que não posso mais ficar longe, não consigo.
Não posso, Não quero!

Se quanto mais eu entendo minha humanidade eu me frustro diante da minha incapacidade eu me rendo à grandeza Dele, quero me frustrar todos os dias.

quinta-feira, 19 de maio de 2011